Com bom desempenho individual e resultados coletivos expressivos, julih retorna à lista de melhores do ano da DRAFT5 na 8ª colocação após ficar dois anos fora do top 10.
Não é raro que os irmãos mais novos de uma família se espelhem nos passatempos dos mais velhos. E neste contexto tão comum, julih foi apresentada ao Point Blank graças à irmã. O jogo foi o passo inicial para a jornada da então criança de onze anos, que jogava para substituir a irmã quando necessário: "Eu precisava ficar jogando no lugar dela, quando ela saia, e acabei gostando muito do jogo".
"Eu tenho certeza que o grande diferencial para que eu tivesse um destaque esse ano foi ter um suporte absurdo do meu time. Eu gostaria principalmente de destacar o nosso psicólogo Daniel e nosso coach Igor "darkpsy" Zaniboni, porque eu sinto que eles foram partes principais para que eu conseguisse absorver tudo para ser melhor cada dia mais", conta.
Além do trabalho do novo psicólogo, a jogadora acredita que o nível de profissionalismo do Fluxo é outro. A presença de uma torcida ativa também foi motivo de felicidade com a nova casa de julih, ainda que ela trabalhe para que os torcedores não exerçam nenhuma pressão em seu desempenho individual.
"A primeira diferença é o profissionalismo das coisas, o carinho que o staff e a torcida têm conosco. Com tudo isso, sinto que ficou mais fácil nós mesmas termos tempo para focarmos em nós enquanto time. Eu amei a recepção da torcida do Fluxo, todos eles são uns fofos e maravilhosos, mas eu não deixo com que isso afete positiva ou negativamente meu desempenho."
"Eu vejo essa oportunidade como uma ascensão profissional absurda, em um ano tivemos a oportunidade de jogarmos três mundiais. Antes, eu tinha oportunidade de um por ano apenas. Jogar os mundiais me deu mais maturidade dentro dos servidores, principalmente porque o servidor gringo demanda muito isso."
Mas, mesmo sem título, o torneio disputado pela Fluxo Demons representou o melhor momento do ano para julih: "(O momento mais marcante) Com certeza foi a vitória contra Nigma Galaxy. A gente apenas sentou e jogou, quando eu vi já tinha acabado e eu nem lembrava o placar. Mas superar o melhor time do mundo num mapa, pelo menos para mim, foi bem marcante."
Com passagem por diversas equipes de renome no cenário, julih já é figurinha carimbada do CS nacional. Entretanto, nos torneios femininos, uma equipe sempre foi uma pedra no sapato da jogadora, bem como de outros times: FURIA.
Mesmo com a vitória da B4 na GC Masters de 2022, muitos consideraram o torneio uma ocasião e achavam que a FURIA feminina sobraria mais uma vez no cenário. Entretanto, julih e companheiras mostraram que o nível estava alto e a conversa seria outra. Aliás, ela aponta que apesar do domínio que as Panteras estabeleceram, a FURIA nunca foi um time imbatível.
"Eu acredito, tendo vivido a era da FURIA, que elas não eram um time imbatível, só precisávamos criar o dream team com peças importantes que se encaixassem e mostrar que o nosso nível é igual. Basta treinar e querer, e entender também que sempre que um ganha o outro tem que perder."
E em agosto, ainda pela B4, julih e suas companheiras conseguiram repetir o feito. Venceram a FURIA mais uma vez na Gamers Club Masters VII, com ela sendo uma das EVPs (jogadora de valor excepcional) do campeonato. Desde então, o elenco foi contratado pela Fluxo Demons e trava uma boa rivalidade com as Panteras.
Com a temporada de 2023 encerrada, julih espera melhorias para o calendário do próximo ano. A jogadora acredita que houve poucas mudanças neste ano em relação ao passado. Logo, 2024 precisa mostrar evolução para o cenário feminino.
"Eu gostaria que tivesse uma profissionalização das organizações de campeonatos em relação a calendário. Vemos no cenário masculino ou até na gringa um calendário bem estruturado e também, é impossível, a meu ver, uma organização que faça campeonatos não ter um planejamento para o ano, então sinto que falta essa transparência."
Por fim, julih também compara a pausa de jogadores do masculino com o feminino. Com o calendário estruturado, as jogadoras iriam se beneficiar até para o descanso: "Há uma falta de preparação para as datas. No masculino, eles já tem a data de break estipulada no ano anterior, mas no feminino descobrimos a nossa "semana" de break um dia antes e não tem como preparar algo assim."
Carregadora de piano. Apesar de não ser a "star player" do seu time, o impacto de julih no time, seja B4 ou Fluxo Demons, é visto nas estatísticas. Durante a primeira Série Feminina do ano, ela foi uma das EVPs do campeonato. Além disso, como citado acima, a jogadora também se destacou na Masters VII conquistada pela B4.
A presença de julih também foi importante nas duas temporadas do circuito da ESL Impact League de 2023. Na jornada de classificação para dois dos três torneios internacionais disputados no ano, a jogadora se destacou como EVP.
Além disso, na 1x Challenge em abril deste ano, na BGS em outubro e na GC Masters VIII que marcou o fim da temporada, julih também levou EVP. Dados que garantem um ano consistente para a jogadora.
Os destaques coletivos e individuais de julih renderam à jogadora 116 D5 points. Essa pontuação leva em conta MVPs e EVPs conquistados pelas jogadoras ao longo da temporada. Para o próximo ano, a jogadora da Fluxo Demons promete ainda mais comprometimento e resultados: "Os torcedores podem esperar uma julih muito comprometida, esforçada e resiliente."
Por fim, julih conta quais nomes o cenário feminino deve ficar de olho para o próximo ano. Ela cita Bruna "Babs" Nycoly, jogadora do MIBR e que já começou a se consolidar no Brasil. Entretanto, a aposta principal de julih é em Daniele "dani" Cavallari.
"Um nome que sei que vem forte é a danifps. Ela é uma mina muito nova, mas que dá para ver o quanto ela quer e quão esforçada é, uma das miras mais bem trabalhadas que já vi. Se tivesse que citar outro nome, eu diria a Babs, que tem muita mira, e já está com uma jogabilidade montada, então acho que ela tem tudo para brilhar esse ano também."